28 de nov. de 2012

Casualidades Felizes- F. Carpinejar


Casualidades felizes

Os apaixonados são os únicos que enxergam as casualidades.
Elas não deixam de existir, sempre estão flutuando, voando, pairando entre as aparências, avisando o que temos que fazer e o que podemos fazer.
É como uma rodovia do invisível oferecendo carona. Ou uma frequência de rádio nos informando dos milagres mais próximos. Ou um caixa automático 24h para saques do inconsciente.
Por receio do julgamento, ficamos alheios, indiferentes, céticos.
Mas os acasos não somem, fingimos que somem por conveniência, para dominar nossa vida e transmitir aos outros uma imagem confiável de adulto e responsável.
Só os apaixonados não temem os ruídos e o entremundos. Não desperdiçam as pichações, não procuram estudar exclusivamente o que é encadernado.
Só os apaixonados — estes últimos alunos das coincidências — acreditam em metáforas. Como não sabem o que vai acontecer, esperam tudo. Esperar tudo é o acaso.
Com Alessandra, vivo diariamente a humildade dos sinais.
Estamos tão ligados que não entendo por que nos separaram em dois corpos.
Nossa intuição é conversa. O que ela raciocina, completo. O que desejo, ela completa. O pedido de desculpa vem antes da agressão. A explicação surge antes da pergunta.
É meio maluco conviver nesta hipersensibilidade, mas é muito mais verdadeiro.
Na hora em que Alessandra me entregou uma pedra branca que colheu na ponte Santa Maria Maddalena, na Itália, eu disse um poema de Pascoli: “A água passa, a sombra fica”.
Fui descobrir depois que o verso foi escrito naquela ponte. Eu sequer desfrutava desse dado.
Guardo livros e objetos pessoais numa gaiola, ela incrivelmente repete a excentricidade amorosa e conserva pertences do seu pai também em gaiola vazia.
Quando ela precisa falar comigo, é certo que tocará Tiziano Ferro em minha vizinhança. Funciona melhor do que o SMS. É um ringtone do vento. E, convenhamos, não é comum FM tocar Tiziano.
Somos capazes de, simultaneamente, ler o mesmo texto, comer a mesma comida, escolher o mesmo filme, ainda que distantes, ainda que eu em Porto Alegre e ela em São Paulo.
O apaixonado não tem medo do medo. Para ele, o medo é surpresa.
Fabricio Carpinejar
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19 de nov. de 2012

Frederico Lorca




"Deixaria neste livro 
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que compaixão dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tão funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.

Ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.

Um livro de poemas
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza-mãe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível,
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.

Sabe ele que as veredas
são todas impossíveis
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.



Poesia, o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
chamas e corações.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
nossa barca sem rumo.

Livros doces de versos
são os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
as estrofes de prata.

Oh! que penas tão fundas
e nunca aliviadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!

Deixaria no livro
neste toda a minha alma..."


Frederico Lorca

9 de nov. de 2012

Mario Quintana




‎"As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar, nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam, não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida."

(Mario Quintana)

4 de nov. de 2012

Exposição Imagens do Mundo





EXPOSIÇÃO "IMAGENS DO MUNDO": O curador Carlos Zemek enfatiza que as “Imagens do mundo” não são só representações externas, mas registros de monumentos, cidades, ambientes, pessoas, que questionem a vida do homem contemporâneo, sua visão da realidade. Na visão de Zemek, a arte não é só prazer estético, mas também um instrumento para entender e questionar o mundo.



 O mundo com suas paisagens, com seus ambientes naturais e urbanos, com pessoas que amam e sonham, serão assuntos da exposição “Imagens do Mundo”.  O mundo multifacetado, encantador, fascinante, é fonte de inspiração dos artistas plásticos:

Escultura: Zardo.

Pintura: Alessandro Bozza, Carlos Zemek, Celia Dunker, Daniel da Silva Freire, Dirce Bittencourt, Katia Velo,  Mercedes Brandão, Neiva Passuello,  Rogério Bittencourt, Sandoval  Tibúrcio, Valéria Sípoli, Vanice Zimerman, Vera Freitas,  além de Maribel Moratilla, da Espanha, e Claudia Augusti e Ilia Ruiz  da Argentina.

Curadoria: Carlos Zemek


Vernissage: 07de novembro, 19 horas, no Estação Business School, Av. Sete de Setembro, 2775 - 5º Andar, Curitiba. 
ENTRADA FRANCA.